A Grande Obra de Alqueva
Desde a celebração do Convénio Luso-Espanhol para utilização dos rios internacionais, ao início do enchimento da albufeira em 2002, passaram cerca de 34 anos para que esta grandiosa barragem pudesse segurar os cerca de 250 quilómetros quadrados de água (cota máxima) do Rio Guadiana. Conseguindo assim o estatuto do maior lago artificial da Europa Ocidental com cerca de 1200 quilómetros de margem.
Situada numa das regiões mais quentes e áridas do país, foi construída com a principal finalidade de regadio e produção de energia eléctrica, recursos de vital importância para a sustentabilidade e desenvolvimento da região.
Tem uma altura de 96 metros acima da fundação e um comprimento de coroamento de 458 metros. Começou com uma capacidade de 260 megawatts e foi sendo alvo de reforços permitindo hoje em dia a produção de mais de 500 megawatts.
Aldeia da Luz
A inundação das margens do Guadiana obrigou à inutilização das terras circundantes onde se encontrava a pequena Aldeia da Luz. Foi estabelecido o compromisso de deslocar os habitantes em cerca de 2 quilómetros para Este, em relação à localização original. Uma solução perturbadora para quem sempre ali tinha vivido, no entanto implementada através de um processo rigoroso que envolveu medições e manter a morfologia de todas as áreas como estavam na aldeia original. Foram construídas 212 habitações com todas as instalações sanitárias algo que não existia nalgumas das casas originais.
Um dos desafios foi a reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Luz existente na aldeia cuja origem remonta ao século XV.
A nova igreja edificada no extremo Oeste da localização da nova aldeia foi construída à imagem da original o que obrigou a um levantamento arquitectónico rigoroso. Foi necessário recorrer a métodos e técnicas de construção tradicionais que permitiram a integração dos elementos de cantaria mais representativos da antiga igreja, como o púlpito, a pia baptismal, os portais e capitéis góticos. Também as pinturas murais foram destacadas da igreja original e reaplicadas no novo edifício no mesmo local.
A Nova Aldeia da Luz recebeu também escola, centro de saúde, equipamentos desportivos, praça de touros, mercado, lavadouro, jardim público e cemitério (transladado do original). O museu foi construído como lugar de memória e criação.
A Reconquista
Em redor do Guadiana (e consequentemente do Alqueva) existe um importante legado militar histórico que merece ser destacado.
Terá sido entre 1223 e 1248 durante o reinado de Dom Sancho II (nomeado apenas com 13 anos) que se iniciaram as reconquistas das terras junto ao Rio Guadiana ocupadas pelo Califado Almóada. Sabe-se hoje no entanto que Dom Sancho II não era um chefe militar capaz não chegando sequer a participar de forma activa nestas reconquistas. Na verdade o sucesso destas campanhas deve-se sobretudo às Ordens Militares (de Avis, de Santiago, dos Hospitalários, etc...) a quem lhes era conferidas terras por recompensa dos seus serviços. O Rei dedicou-se então a povoar esta regiões doando terras à medida que se ia reconquistando o terreno. É nesta altura que são reforçadas as fortificações muçulmanas existentes e erguidos os castelos.
No final do século XV são expulsos os muçulmanos da Península Ibérica mas os castelos e muralhas não cessam a sua função. Com a proximidade do reino de Castela e Leão o perigo passa então a ser a ocupação pelos reinos adjacentes tendo estas fortificações assegurado um papel importante na defesa do território.
Com o gradual fim dos conflictos, no final do século XIX as muralhas e castelos perdem a sua relevância e começam a entrar em estado de abandono sendo mesmo algumas destas estruturas desmanteladas parcialmente para servir de material de construção às crescentes populações.
Actualmente todas estas estruturas encontram-se classificadas como imóveis de interesse público sendo como tal expressamente proibido qualquer acto de vandalismo. Mas infelizmente este estatuto não significa que se encontrem nas melhores condições de preservação e nalguns casos considerando a sua importância histórica estão mesmo num estado que em nada as honra.
Monsaraz
Não confundir com a cidade de Reguengos de Monsaraz da qual é freguesia. Vila entre muralhas e castelo com uma localização estratégica de vigia sobre o Guadiana. Foi reconquistada aos mouros pela Ordem dos Templários que assim receberam estas terras de D. Sancho II.
Pela sua posição elevada oferece vistas privilegiadas sobre o Alqueva, logo junto ao Monumento de Homenagem ao Cante Alentejano à entrada e também a partir das muralhas do Castelo.
Em 2007 esta vila medieval foi uma das finalistas na escolha das 7 Maravilhas de Portugal.
Mourão
Uma vila nas margens do Grande Lago. O castelo data da época de Dom Sancho II e é na vila o que se encontra mais próximo das águas do Alqueva. Recebeu no século XVII uns baluartes nos quatro ângulos da muralha e revelins em frente às cortinas.
Encontra-se maioritariamente abandonado, estando algumas das torres já parcialmente destruídas, e havendo mesmo um episódio recente de ter sido atingido por um raio de trovoada que criou danos e obrigou ao encerramento do acesso ao castelo.
Moura
Outra Vila raiana que também é sede de município (como Mourão). Tem um castelo no ponto mais alto cidade cuja forma actual remonta ao reinado de Dom Dinis. Entre 1805 e 1826 os muros do castelo são usados como matéria-prima para o fabrico de salitre (ou nitrato de potássio) que se utiliza depois para se obter pólvora. Também é demolido o muro do lado Oeste para dar origem a um lagar. No interior figuram as ruínas do Convento de Freiras Dominicanas de Nossa Senhora da Assunção e igreja anexa (de Santa Maria).
De destacar também o Convento do Carmo (século XIII), o primeiro Convento da Ordem das Carmelitas em Portugal.
Portel
A ocupação destas terras é antiga e poderá ter remontado até antes do Império Romano. O castelo que se ergue sobranceiro numa colina vem pelo menos da ocupação Árabe e foi reconstruído à época da doação da vila por D. Afonso III ao nobre Dom João Peres de Aboim em 1261 pela sua devoção ao Rei. Depois Portel passa por outras mãos até chegar à posse do Duque de Bragança. Ainda hoje o castelo é pertença da Fundação Casa de Bragança e talvez isso explique o manifesto estado de abandono a que foi sujeito e ao estado de ruínas a que chegou no século XIX.
Desde então tem sofrido algumas intervenções pontuais de recuperação muito longe do desejável. As muralhas e torreões ainda conservam a sua imponência mas o interior está totalmente em ruínas. Sendo um castelo residencial o interior contava com uma cisterna, os Paços Ducais e uma capela anexa devota a São Vicente.
Viana do Alentejo
É o município mais a Oeste e está mais ou menos equidistante das capitais de distrito Évora e Beja. Supõe-se que as fortificações da vila e fundações do castelo são do início do século XIV ou talvez um pouco mais tardias. O que é certo é que foi, por mais de uma vez, residência temporária do Rei João II de Portugal.
É dos poucos castelos de muralhas pentagonais. No seu interior encontra-se a Igreja Matriz de características manuelinas, a Igreja da Misericórdia, um magnífico cruzeiro manuelino e o edifício que serviu até aos finais do século XVII de Paços do Concelho. Foi sujeito ao longo dos anos a obras de recuperação e manutenção e está hoje em dia preservado e em bom estado.
Também nas imediações da vila destaque para o belíssimo Santuário de Nossa Senhora D'Aires em estilo barroco, cuja romaria remonta a 1748 quando ali se iniciou o Culto Mariano.
Actualmente duas romarias são efectuadas aqui: a Feira Franca de Nossa Senhora D’Aires, que é a mais antiga e ocorre em Setembro, e a Romaria a Cavalo que percorre os 120 quilómetros da antiga Canada Real, entre a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem (Moita do Ribatejo) e este santuário que realiza-se em Abril
Deixe-nos a sua mensagem