Então e um crêpe?


Dia 9, El Jadida

Depois saímos da cisterna e fomos passear até aos mercados da Medina. O Barradas por esta altura procurava desesperadamente umas bananas… Diz que prende!

Lá encontrámos as bananas numa das muitas bancas de fruta do mercado. Continuámos rua acima, e o Benedito foi espreitar umas roupas. Seguimos mais um pouco e parámos num boteco curioso, repleto de juventude. Sítio onde há muito marroquino a comer, é bom sinal! No interior estava um tipo a estender e cozer uma espécie de massa de crepe num quadrado com perto de 1 metro de lado. Depois passava esse crepe gigante a outro que cá fora retalhava-o em bocados, e servia-os aos que jovens que se acumulavam à volta dele. Os bocados eram cortados consoante o preço que se pretenda, e alguns borrifados com mel no interior. Este crepe, já o conhecíamos, ainda que não nestas dimensões, era presença frequente nos nossos últimos pequenos-almoços. Trata-se de um crepe marroquino folhado à base sêmola, conhecido por Msemen.
Ficámos com vontade, aproximámo-nos para saber de preços. Um dos jovens que ali estava percebeu logo o nosso interesse e explicou-nos que havia bocados para vários preços, 1, 2, 5 ou 10 dirhams. Pedimos um pedaço grande com mel, creio que de 5 dirhams (menos de 50 cêntimos de euro). Embora o Benedito se queixasse que não lhe sentia o mel, estava bom. Um pouco enfartadiço, mas bom. Demos a volta ao mercado e continuámos pela Medina contornando as muralhas da fortaleza portuguesa. Às tantas andávamos um pouco perdidos, mas lá se achou um caminho. Passámos por umas ruas estreitas, cheias de povo e negócio. Muitos legumes, e carnes penduradas ao género daqueles talhos improvisados marroquinos. E, finalmente o mar. Estávamos junto à costa do lado fora da fortaleza. Na verdade, nada de muito especial.

À nossa direita as muralhas velhas e imponentes, à esquerda o mar e continuação da cidade. Lembro que de caminho passámos por um cão deitado junto à muralha, primeiro achámos que estivesse a dormir, mas no regresso percebemos que tinha morrido há pouco… Uma penosa memória.

afinal há por cá escolas de condução, mas devem ser uma mera formalidade

Reentrámos na fortaleza, por uma porta larga e baixa da muralha. Por cima ainda se conseguia ler “Porta dos Bois”… Mau…

Facto curioso é apesar da cidade ter abdicado do seu nome português, as ruas no interior da fortaleza manterem os seus nomes originais portugueses. Regressámos pela rua da cadeia, nas costas da cisterna.

Ainda por lá se vê o edifício selado com as janelas gradeadas. Passámos pela esquadra que partilha o edifício da cisterna e regressámos pela rua dos lojistas… E claro, fomos “agrafados” por um! Lá nos convenceu a entrar na loja deles (é o primeiro passo, todos querem isso) e fez-nos a demonstração dos artefactos. O povo aqui tem fisionomia diferente. A pele é escura em tom ocre, como é habitual na maioria dos marroquinos, mas o rosto é diferente, mais redondo, nariz aquilino e com os olhos menos escavados. São traços que nos são mais ou menos familiares. Aqui há mistura de sangue luso e marroquino e isso é visível.

O tipo tinha a loja muito bem arranjada. Mostrou-nos um pouco de tudo. Cerâmica de Fés, punhais tuaregs, jóias berberes, mantas marroquinas, etc… Um pouco de tudo, com extremo bom gosto e qualidade. O Benedito fez um reparo, que lhe agradava as mantas, mas que não tinha mais espaço para levá-las… O marroquino já não o largou… Tivemos de lhe explicar que estávamos no fim da viagem, carregados e de mota. A conversa acabou com o marroquino a dizer, que se a vontade de Alá fosse essa, que ele iria levar a manta! Disse-nos que teria a loja aberta até às 20h00, e quem sabe regressando ao hotel não conseguisse encontrar um espacinho na bagagem para enfiar mais uma manta… Os tipos não desistem mesmo de nos vender tralha. Agradecemos e fomos embora.



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