Os estupores dos estupores...
Dia 10, Assilah
A Medina está mais ou menos “muralhada” e o acesso lá por dentro faz-se a pé ou de motoreta, como é prática geral em todas. Entrámos por um dos arcos de acesso à Medina e lembrámo-nos de fazer uma foto daquelas “prá palhaçada”. Já tínhamos ensaiado uma há uns dias à saída do deserto. Nessa altura o Barradas ficou a disparar a máquina enquanto eu e o Benedito nos mandávamos ao ar… Tentámos fazer o mesmo, mas agora os três. A minha máquina tem modo finório para isso, quando programada consegue disparar 4 ou 5 fotos de rajada. Metemos umas camisolas no chão, assentámos e programámos a máquina, e mandamos um pulo na esperança que alguma foto nos apanhasse aos três no ar… E conseguimos!

Pegámos na tralha e continuámos Medina adentro. Não tínhamos feito mais que três metros, quando o Benedito se volta para trás. A caminho dele já estava um marroquino com o braço estendido e a carteira do Benedito na mão. Tinha-se esquecido dela no chão. Agradecemos ao marroquino, mas parece que não chegava… “Una propina!”… Dizia ele… Ai o cacete!… A história das propinas outra vez?!... Mas desde quando um gesto destes tem de ser recompensado com dinheiro?!... Hã?!... Tenho aqui mesmo uma propina na ponta do sapato, serve?!... Santa paciência! Negámos e virámos-lhe costas e seguimos… Temos pena, mas para este género de tipos não há conversa possível, temos que ser desagradáveis. O tipo lá veio atrás de nós com a história da propina, e às tantas desistiu… Quer dizer, já o tínhamos deixado a uns vinte metros e agora via-o a contar a “história” aos comerciantes locais de rua que por ali estavam, na esperança de não sei bem o quê, talvez de incitar uma rebelião… Que tipo estúpido.


Não ligámos, seguimos caminho e enfiámo-nos pela Medina, que não achámos particularmente interessante. A verdade é que o seu ar pouco exótico e o facto também de por esta altura já termos “papado” muitas Medinas, não nos deixou impressionado com esta. Saímos dali por outra porta que nos dava acesso ao mar. E adivinhem quem reencontrámos?! O nosso querido “amigo”! O tipo tinha metido na cabeça que haveria de fazer dinheiro connosco e não desarmou.
Em espanhol tentou dialogar com o Barradas chamando-lhe a atenção que: "por ser aqui e tal, não lhe tinha ficado com a carteira, se fosse em Tanger tinha desaparecido" dizia ele… O Barradas no seu melhor espanhol respondeu-lhe que se tivesse fugido com ela, nós corríamos atrás, e que de onde vinhamos não se cobra por este tipo de gestos.
Virámos-lhe as costas novamente e parece que finalmente nos livrámos do melga.


De seguida resolvemos caminhar um pouco mais e conhecer a parte nova da cidade. Fomos por aquilo que nos pareceu ser uma rua principal, até quase aos limites da cidade.

De caminho passámos por uma igreja católica de influência claramente ibérica e cruzámo-nos também com um grupo enorme de adolescentes saídos de uma qualquer escola.


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