Peixe frito
Dia 9, Safi
Acordámos depois de uma noite bem dormida. Tínhamos pela frente 300 e poucos quilómetros de estrada costeira entre Essaouira e El Jadida.

Aprontámos a tralha e fomos tomar o pequeno-almoço no restaurante do hotel, uma sala ampla e um pouco sombria. Pagámos a estadia e levámos a bagagem para junto das motas, que teriam que ser desamarradas antes de levar a carga.
arrumadinhas
O velhote guarda do parque estava por ali para receber o prometido. Creio que o Barradas lhe pagou um pouco acima do combinado (10 dirhams por mota, ou seja menos de 1 euro) pela satisfação de recuperar a chave que tinha esquecido!

O tempo estava ao nível dos outros dias: Sol com céu pouco nublado e a temperatura ligeiramente mais fresca devido à influência dos ares da costa. Qualquer coisa um pouco acima dos 21 graus, perfeito para rolar de mota. Saímos de Essaouira por onde entrámos, e logo apanhámos a estrada costeira. Durante vários quilómetros rolámos sempre com o oceano à vista. Tirando alguns dromedários a pastar, a paisagem é em tudo semelhante à nossa costa atlântica.

Por volta da hora de almoço estávamos a entrar em Safi, vila costeira a Norte de Essaouira. E também por aqui estiveram os portugueses há 500 anos! Já lá ia um dia sem fazer um souk (mercado) de mota… Pelo que obviamente, na esperança de alcançar a zona portuária, atravessámos o primeiro souk que encontrámos. Pelo meio do maralhal, entre os pepinos, cebolas e outras leguminosas chegámos à baixa da cidade.

Aí encontrámos uma rua larga com estacionamento em espinha, com o habitual guarda. Parámos e perguntámos quanto era. O tipo, com chapéu à motorista, de tês escura e bigode à Chalana, não falava uma palavra de francês. Tentámos espanhol, inglês e nada. Lá veio um lojista fazer a tradução, queria 15 dirhams. Menos de 50 cêntimos por cada mota pareceu-nos tolerável. Deixámo-las por ali e avançámos à procura de almoço. Peixe de preferência, que de carne já estávamos um pouco cheios. Subimos o souk de novo a pé, e descemos pela rua paralela que parecia entrar mercado dentro. De cada lado dessa rua estreita e cheia de gente, estendiam-se dezenas de barracos com “jeitos” de restaurante com apenas e uma única coisa para venda, peixe frito. Eram dezenas de frigideiras a fritar peixe, rua abaixo… O Barradas gosta muito de peixe, desde que não seja frito. Assim descemos a rua e fomos à procura de outra coisa. Mas peixe em Safi, parece que só frito! Assim lá nos decidimos por um pequeno restaurante com os tradicionais pratos de carne.

Éramos os únicos clientes, o que à partida não é bom sinal. Mas dada a hora um pouco adiantada, poderia ser disso. Fomos atendidos por um miúdo simpático com talvez uns 12 anos, muito eléctrico e agitado. Parecia que andava a “drunfos”. Os Ruis optaram pela tajine kefta e eu pelo frango, para variar um bocadinho da carne moída. Os frangos eram assados na máquina, que por acaso estava mesmo ao nosso lado. Aqui o frango assado é servido com especiarias, aliás como tudo. E o meu devia levar algum tipo de caril ou açafrão, porque o amarelo carregado, não é a cor natural do frango. Mas estava agradável. Vieram as habituais saladas, pão e uns pratinhos de molhos a acompanhar.
Comemos, pagámos e regressámos às motas para não perder mais tempo.
Quando me preparava para pagar os 15 dirhams ao guarda do chapéu, o gajo faz-me sinal que queria mais. Perdão?!... Lá percebi que queria 20 em vez de 15… Estupidamente passei-lhe mais 5 dirhams para a mão… E a seguir veio a fúria… Onde é que já tinha visto isto?!... Ah sim, em Marraquexe…
Comecei a confrontá-lo falando em francês, mas o gajo ficou a fazer o número de homem estátua. Pudera, já tinha o que queria!
Atravessámos a rua, fomos ter com o lojista para confirmar o valor inicial… E o gajo confirmou, e do outro lado da rua mandou umas “bujardadas” em árabe ao artista da chapeleta… A reacção dele foi, sorrir.
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