Ronda
Tem origem na cidade romana de Arunda mas foram os árabes que a consolidaram e definiram a sua traça urbana.
Ronda assenta numa meseta cortada verticalmente por uma falésia escavada pelo Rio Guadalevín. A parte antiga da cidade é especialmente pitoresca por se encontrar à beira deste penhasco com cerca de 100 metros de altura. O seu conjunto monumental aliado ao entorno natural e à proximidade de Málaga fazem com que se tenha tornado num grande centro turístico.
É uma cidade apaixonante que tem cativado ao longo dos tempos alguns conhecidos tais como Goya, Ernest Hemingway, Orson Welles, Miki Haruta e Rainer Maria Rilke entre outros.
Segue-se uma lista dos pontos de interesse a visitar nesta cidade.
Ponte Nuevo
É o monumento mais emblemático de Ronda. A sua construção durou cerca de 42 anos tendo sido terminada no final do século XVIII e foi até 1839 com os seus 98 metros de altura a ponte mais alta do mundo.
Em 1735 foi construída a primeira ponte (com um único arco de 35 metros) que por má concepção caiu seis anos mais tarde. Apenas em 1751 foram reiniciadas as obras tendo sido inaugurada 42 anos mais tarde (1793). Desta feita utilizando apoios laterais massivos (com 100 metros de altura) e um arco de apenas 15 metros.
Para além de espectacular é uma obra importante pois une as zonas histórica e moderna da cidade sobrepondo-se à impressionante garganta escavada pelo Rio Guadalevín conhecida por el Tajo de Ronda.
No interior da ponte logo por baixo do tabuleiro existe um espaço onde se encontra actualmente o Centro de Interpretação do Entorno e História da Cidade. Durante a guerra civil este lugar terá sido utilizado como cadeia e suposta câmara de tortura havendo mesmo algumas histórias por confirmar que indicam que prisoneiros terão sido lançados daqui ponte abaixo.
Alameda del Tajo e Passeio dos Ingleses
Hoje Alameda del Tajo já foi de San Carlos. É um magnífico jardim botânico do princípio do século XIX com uma alameda central coberta por frondosas árvores que proporcionam um confortável abrigo para quem por ela passar.
No jardim existem árvores notáveis algumas com mais de 200 anos. Por exemplo um cedro dos himalaias, um pinheiro manso e uma acácia de três espinhos.
A parte ocidental da alameda dá para o belíssimo Passeio dos Ingleses que ladeia a beira do penhasco del Tajo oferecendo vistas grandiosas desde alguns balcões debruçados sobre a Serrania de Ronda.
No Verão o Sol cai por detrás das colinas da serra. Assistir a este espectáculo a partir de um destes balções é uma experiência memorável.
A Sul junto à Praça de Touros encontra-se o jardim de Blas Infante. Aqui é possível ver as esculturas de Ernest Hemingway, Orson Welles e o pintor japonês Miki Haruta numa homenagem a estas individualidades que se apaixonaram por esta cidade.
Depois do jardim e ainda antes de chegar ao magnífico Parador de Ronda temos o miradouro de La Sevillana (também conhecido por miradouro del Coño!).
Um agradável espaço composto por um coreto e um impressionante balcão metálico suspenso no precipício. Um local muito apreciado para passar um fim de tarde.
Praça del Socorro
Encontra-se no centro urbano da zona nova da cidade e é uma das praças mais concorridas por turistas e locais.
Para além de uma vasta oferta de restauração liga com a Calle Carrera Espinel seguramente a rua mais comercial e movimentada da cidade.
Teve de ser restaurada quase na totalidade depois da Guerra de Independência contra os franceses (inicio do século XIX).
É nessa altura que surgem os edifícios ao seu redor como o Casino de Ronda (ou Círculo de Artistas). A Igreja do Socorro que domina a praça é de construção mais recente (século XX) substituindo no local uma antiga ermita.
No centro apresenta-se uma fonte com um monumento a Hércules e uma escultura de Blas Infante uma importante figura Andaluz.
Praça Duquesa de Parcent
Entretanto renomeada foi outrora a "Plaza Mayor". Encontra-se na parte antiga e reúne desde sempre os edifícios mais importantes da cidade - o Ayuntamiento (antigo Cuartel de Milicias Provinciales), a Colegiata (igreja de Santa María la Mayor, século XIII), o Castelo (antiga Alcazaba) e os conventos de Santa Isabel (século XVI) e de la Caridad (século XVI).
Uma importante e ampla praça com um entorno monumental e um frondoso jardim no centro que convida a uma paragem.
Museu da Real Maestranza de Caballería de Ronda e praça de touros
A Real Maestranza de Caballería de Ronda foi aqui fundada em 1572 pela mão de Felipe II com o propósito de defender o território. A sua função era assegurar o adestramento e manejo de cavalos.
Das várias actividades equestres incluíam-se os jogos de destreza com touros. Algo que rapidamente se tornava num espectáculo para a população.
No século XVIII com os primeiros toureiros a pé surge a família Romero. Assegurou três gerações de notáveis toureiros. O mais conhecido Pedro Romero (1754-1839) muito contribuiu para popularizar a tauromaquia.
A consagração das corridas de touros dá-se durante o reinado de Felipe V e consolida-se ao longo do século XVIII. O toureiro profissionaliza-se e surgem então as primeiras praças.
A construção da praça de touros de Ronda finalizou-se em 1785. Propriedade da Real Maestranza de Caballería de Ronda é considerada uma das mais antigas de Espanha.
Foi utilizada como quartel pelas tropas francesas durante a invasão. Serviu também de campo de concentração para prisioneiros republicanos das tropas franquistas.
Classificada como monumento e bem de interesse cultural está intimamente ligada à história mais recente da cidade.
Acolhe actualmente o Museu da Real Maestranza de Caballería de Ronda que se encontra dividido em três partes: Real Maestranza de Caballería de Ronda, origem e evolução da tauromaquia e Ronda na história da tauromaquia.
Também no interior é possível visitar o museu de tauromaquia, a Real Guarnicionería de la casa de Orleans e uma colecção de armas de fogo antigas.
Banhos Árabes de Ronda
Uns dos exemplares mais bem preservados na Península Ibérica. Localizados junto à ponte árabe e ao actual bairro de San Miguel um local que terá estado na periferia da antiga Medina andaluza de Ronda.
A sua construção terá acontecido nos séculos XIII a XIV junto à Ribeira de las Culebras. Está repartida em três zonas segundo o modelo romano: águas frias, temperadas e quentes.
As cúpulas que formam o tecto da sala principal estão repletas de pequenas claraboias em forma de estrela que iluminam o interior.
Um aqueduto no exterior conduzia a água desde a torre (onde se encontra a nora ainda hoje perfeitamente preservada) bem como a área da caldeira onde se aqueciam as águas.
Também é possível ver parte dos curtumes que ali se faziam. Actividade que aqui se instalou depois do abandono dos banhos após a reconquista castelhana.
No interior é exibido um filme muito interessante sobre o seu funcionamento na época Andaluz.
Palácio Mondragón de Ronda.
Embora pouco conserve dessa época é originalmente um palácio Andaluz.
Sabe-se que no século XIV foi residência do rei Abd al Malik (Rei Mouro de Ronda) filho do sultão de Marrocos Abul Hassan.
Postumamente Ronda passa a depender de Reino de Granada e o palácio passa a ser residência do governador.
No século XV após a Reconquista Cristã é utilizado pelos Reis Católicos durante a sua estadia na cidade após a qual passa para a posse do capitão Melchor de Mondragón que lhe dá o nome actual.
O pátio à entrada é do século XVIII sendo conhecido como o Pátio del Pozo. O segundo denominado Pátio Mudéjar é do século XVI e apresenta na verdade uma mistura de estilos gótico, renascentista e mudéjar. E finalmente o terceiro pátio em estilo gótico tardio.
Hoje em dia o palácio alberga o Museu Arqueológico de Ronda.
Casa del Rey Moro
Encontramos esta casa sobre um barranco da garganta formada pelo Rio Guadalevín. O espaço divide-se em três partes: a casa, os jardins e a mina de água.
A casa data do século XVIII e como tal nunca poderá ter pertencido a nenhum Rei Mouro. É antes uma criação da Duquesa de Parcent que resulta de várias casas do século XVIII.
Os jardins que combinam elementos mouriscos e franceses, são ainda mais recentes (1912) e foram desenhados pelo arquitecto paisagista francês Jean-Claude Nicolas Forestier.
A mina de água, essa sim é um dos mais bem conservados engenhos da época de ocupação moura.
Durante o século XIV a cidade era constantemente disputada entre mouros e cristãos sendo frequentemente sitiada. Terá sido nessa altura que Abd al Malik (Rei Mouro de Ronda) ordena a construção da mina para poder abastecer a cidade com as águas do rio.
Trata-se de uma estreita escadaria escavada no interior da parede da falésia que permite alcançar o rio num desnível total de cerca de 60m. A mina foi restaurada em 1911 e conta actualmente com cerca de 300 degraus (originalmente seriam 365).
A casa encontra-se há alguns anos em restauro e é à data o único elemento que não é visitável.
Museo Lara Ronda (artes y antiguedades)
Está situado na zona histórica da cidade mais propriamente na antiga Casa-palácio de los Condes de la Conquista de las Islas Batanes.
Foi o primeiro museu de carácter privado da Andaluzia. No caso a colecção privada de Juan Antonio Lara Jurado que aqui reuniu o trabalho de uma vida.
O espólio é composto por mais de 2000 peças (originais do século XVIII a XIX) agrupados em temas como: armas, relógios, coleccionismo, romântico, científico, artes populares e arqueologia.
Aqui se pode encontrar de tudo um pouco, desde pistolas primitivas, máquinas de costura, máquinas de escrever, microscópios e projectores de filmes.
O destaque vai para o piso inferior onde se exibem objectos de tortura da Santa Inquisição e uma colecção dedicada à bruxaria.
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