Um café em Ubrique


Dia 3, Ronda

Acordámos com o barulho da chuva… Bonito! Não era que fosse surpresa, estava alinhado com a previsão.

Rotina matinal habitual, e descemos até ao piso térreo do hotel para comer qualquer coisa. O pequeno-almoço era servido numa divisão ao lado do restaurante, com a mesma linha decorativa das festividades taurinas. Café com leite, torradas e sumo de laranja, o habitual. Aqui para além da manteiga e doce, tivemos direito a paté e molho de tomate para cobrir as “tostadas”! Olé! Tínhamos acordado corajosos, de modo que o Barradas atirou-se ao paté e eu ao tomate e azeite… O Rui gostou, eu não fiquei fã.
Entretanto já tínhamos espreitado como estava lá fora, e não estava bem. Chuva fraca certo, mas tocada a vento…

Pagámos, descemos com as malas e fomos buscar as motas que tinham ficado numa garagem numas ruas mais adiante.
Tirámos as Tiger do estábulo e estacioná-las à beira do hotel não foi linear… A rua que dava para a garagem era de sentido único, de modo que não pudemos fazer o caminho de volta que era bastante directo. Assim, tivemos que inventar e tentar encontrar o caminho de volta. Por ruelas e empedrados bem molhados, andámos ali perdidos uns minutos até finalmente dar com a rua principal que passava ao lado do hotel. Carregámos as malas e seguimos.

Logo à saída de Ronda, tivemos de parar para enfiar as luvas de Inverno. Mudei duas ou três vezes de cor antes de conseguir enfiar as mãos molhadas dentro das luvas!

Finalmente saímos de Ronda, e pingava. Depois de uma noite de chuva, a estrada estava com uma camada de água impressionante, nalgum piso inclinado fazia um pequeno ribeiro. Havia pouco trânsito mas fomos com calma. Eu já estava ver o que iriamos ter à nossa frente, ou melhor o que não poderíamos apreciar, outra bonita passagem pela Serra! Efectivamente, depois de andar na véspera pelo lado Norte de Grazalema, hoje tinha previsto uma passagem pelo lado Sul. Tínhamos uma quantidade de quilómetros para fazer com um possível desvio pelo pueblo de Algar, que só valeria a pena fazer em boas condições de estrada e tempo. Deixámos a decisão para Ubrique, lá chegados logo se avaliava como estariam as coisas. O troço até à entrada da Serra é relativamente rectilíneo e bonito, fazendo-nos atravessar uma série de planícies. Pouco vimos, pois como se não bastasse a chuva, fomos brindado com um denso nevoeiro que nos acompanhou durante toda a viagem até saímos da Serra. Porque aqui passei em Agosto, sei que neste caminho se atravessa um belíssimo vale que nos cerca com paredes imensas de calcário. Pois desta vez, nem dei por passar por ele, para ficarem com ideia da quantidade de nevoeiro que havia!

Daqui até Lisboa, as Tigers foram praticamente sempre com os faróis de nevoeiro ligados, e não foi para o “estilo”.
Às tantas já mal via o farolim da mota do Barradas que seguia à frente! E quando chegámos ao troço de curvas (algumas em cotovelo) deixei mesmo de o ver. Subimos a Serra nestas condições e descemos nas mesmas condições. As Tigers seguiram sem estrebuchar e em situação alguma senti a mota a deslizar ou fugir, apesar dos mais de 16.000kms que levam os Bridgestone Battlewings. É um pneu que gosto verdadeiramente (a Strom levou dois jogos destes) e acho que assenta que nem uma luva na XC, é um pneu que não desilude, e não sendo o supra-sumo em nada, é bom em qualquer situação.

já pinga...

Por fim aproximávamos de Ubrique. Parámos logo na estação de serviço à entrada, para reabastecer e relaxar um pouco. As minhas luvas novas estavam a aguentar-se bem, as do Barradas já estavam a meter água. O casaco estava a aguentar-se, mas a ponta das mangas já estavam a ficar ensopadas…

Que se lixe! Decidimos descer até Ubrique e beber por lá alguma coisa. E estava um movimento danado para um dia destes.

fábrica de peles

Estacionámos as motos e fomos à procura de um café. Encontrámos um com esplanada coberta, a funcionar ao lado de um antigo cinema convertido em fábrica de peles. A indústria de peles aqui é importante, e as ruas estão repletas de pequenas lojas com produção própria.

antigo cinema convertido em casa de peles

Ubrique é um pueblo blanco interessante, tem uma dimensão considerável quando comparado com outros pueblos, e está localizado numa cova rodeada por um maciço calcário que lhe confere um aspecto único.

arroyo seco


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