Pasta "al dente"
Dia 9, El Jadida
Regressados ao dar, o Massimo deu-nos conta da hora do jantar, pelas 20h30… Dava tempo para tomar uma banhóca e consultar um bocado de net.


Depois subimos ao telhado do dar onde está montada uma marquise com uma belíssima esplanada, que oferece uma tremenda vista sobre os telhados da fortaleza portuguesa. Ficámos radiantes! A marquise era grande o suficiente para acomodar uma pequena cozinha e uma sala de estar. Entrámos e já por lá se encontrava o Massimo e sua companheira. Ele fazia anos, teríamos portanto bolo e champanhe por conta!


A massa estava estupenda, como só os italianos sabem fazer. Falámos de uma série de coisas. Da vida, da nossa vida, da vida deles, e de como se vive por aqui. Entre outras coisas, ficámos a perceber que a vida por ali é extremamente barata, que o Massimo se radicou por ali por estar farto da situação política e económica no seu país. Quando lhe fiz a pergunta do porquê da mudança, respondeu-me prontamente: “Berlusconi”!… Farto de impostos, da corrupção, de uma economia em crise e depois de perder a mulher, e já com a filha criada resolveu mudar-se de armas e bagagens para El Jadida. Tinha feito duas ou três viagens a Marrocos antes, e El Jadida, cidade mais calma à beira mar, pareceu-lhe o ideal para se estabelecer. A filha e netos estavam em Itália, mas faz-lhes visitas frequentes, e todos os dias falavam e via-os pela internet. Gostava de viajar, e todos os anos visitava um lugar diferente. Já tinha estado uns dias em Lisboa, e durante a estadia fez questão de todos os dias comer bacalhau! Mostrou-me até um livro de receitas de bacalhau da Filipa Vacondeus.
Instalou-se por aqui, encontrou esta companheira com menos vinte anos e agora só queria viver bem e sossegado no seu cantinho. Tinha saudades de ter uma mota, mas para um estrangeiro aqui, ter uma mota não é fácil. Aqui só há motoretas e triciclos à venda. Trazer alguma máquina lá de fora, é caro e obriga a renovação da licença de importação a cada 6 meses… E depois, há a verdadeira maluqueira do trânsito… Mas andava de olho em algum anúncio, não fosse surgir alguma oportunidade!
Enchemos a barriga com a fantástica “pasta”, que bem que soube! E depois veio a champanhóla e o bolo de aniversário, este muito bom por sinal. Não acabámos o champanhe, ficando mais de meio-copo a cada um. O italiano juntou tudo no copo dele, e goela abaixo!… Não se pode estragar, disse ele!
Ainda vimos um álbum de recortes de imprenssa, do Massimo, da época em que era gondoleiro. Ficámos à conversa mais um pouco, e descemos até aos nossos quartos para dormir. Já cá em baixo o Massimo fez-nos sinal para espreitarmos lá fora a praça… Estava lá o guarda marroquino com um colchão improvisado para passar ali a noite…

Ainda se deu mais umas tecladas na net, e fomos ao descanso merecido.
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