Lá vem chuva


Dia 2, Ronda

Inicialmente não encontrámos muita gente, o que é estranho em Ronda, dado que vive essencialmente do turismo. A medida que avançámos para Oeste começou-se a adensar de pessoas e quando demos por ela estávamos no meio de uma feira medieval. Póneis para cima e para baixo, um grupo de músicos a tocar bandolim e gaita-de-foles e uma série de barraquinhas a vender comida, bebida e todo o tipo de traquitanas.

Uma das barracas chamou-nos a atenção, tinha claramente influência moura e por ela estavam dispostos uma série de doces e chás árabes.

O fulano que mantinha o negócio era novo e parecia ser autêntico e oriundo do Norte de África. Assim que o vimos a servir um maravilhoso chá erguendo bem alto dois bules (um em cada mão) para fazer a mistura no copo ficámos convencidos. Para quem não conhece o chá marroquino é geralmente servido numa mistura chás de hortelã menta com planta de chá. A concentração de cada um pode variar, sendo que os berberes preferem beber o chá sem qualquer toque de menta (chamam-lhe whisky berber). Um tipo que mistura com mestria os dois é sem dúvida alguém que percebe do assunto, não há que enganar. O Rui pediu-lhe dois chás e sentámo-nos para beber. Não nos tínhamos enganado, ficámos a saber que o fulano era de Marraquexe e o chá estava divinal.

Continuamos pela feira adentro, havia um pouco de tudo. Pechisbeque, pedras preciosas, especiarias, frutos secos, amendoim aromatizado, rebuçados, gomas, e uma banca com uns 6 metros de pão e doçarias.

O Barradas ficou hipnotizado com uns donuts do tamanho de bolo rei cobertos de chocolate. Ficou na dúvida se era capaz de sozinho dar conta de um. Disse-lhe que ficava com metade se ele quisesse e mandámos vir um a meias.

Chiça nabiça que não foi fácil consumir metade daquele donut gigante! Entretanto tinha começado a chuva. Uns pinguitos aqui e ali, mas dava para perceber que ia pegar.

Seguimos pela alameda até à calle Emingway que contorna o magnífico miradouro debruçado sobre o vale.

miradouro de Ronda

Bem como o fabuloso Parador de Ronda logo ao lado.

Daí chegámos ao ex-líbris local a fabulosa Puente Nuovo. E aqui será interessante desenvolver um pouco o assunto. Geograficamente Ronda está situado no topo de um penhasco dividido ao meio por um precipício conhecido por Garganta del Tajo. Assim a cidade é composta por duas partes separadas a meio pelo rio Guadalevín. Para unir as margens, foram construídas três pontes. A ponte romana, mais a Norte onde a altura é menor, a ponte velha (ou árabe), logo a seguir e a nova mais recente, no topo do penhasco à altura de 98 metros. Trata-se de uma obra imponente, sendo constituído por duas torres e três arcos suspenso a 90 metros de altura sobre a Garganta del Tejo. Impressiona qualquer um e proporciona sempre belos momentos fotográficos. Mas para captar toda a sua beleza é necessário sair um pouco da cidade e descer alguns metros em altura. A noite já estava praticamente posta e não tínhamos, nem estava tempo para isso. Tentámos da melhor forma a partir das suas margens captar retrato à altura.

Puente Nuovo
vista a Norte da Garganta del Tajo

Espreitámos ambos os lados da ponte e a garganta lá em baixo, a altura impressiona.



Deixe-nos a sua mensagem