Badajoz à vista
Dia 7.
Mais um dia mais umas “tostadas” pela manhã. Fomos relativamente rápidos a arrumar a tralha. Tomámos um bom pequeno-almoço, ainda assim menos impressionante que na véspera. Eu passei melhor a noite, a situação parecia estar a estabilizar. Pagamos a conta, albardámos as Tigers e saímos de Madrid. Apanhámos um pouco de trânsito nos limites da capital antes de finalmente entrar na A5 que nos conduz até Badajoz. E que monumental seca é fazer a autovia, são quilómetros e quilómetros a direito sem nada de jeito para ver. Para atenuar este efeito tínhamos metido umas voltas que nos levariam até às margens do Tejo. Foi um troço que descobrimos durante o Iron Butt do ano passado quando nos obrigaram a fazer um desvio. Um pouco antes de Navalmoral de la Mata saímos então da autovia em direcção ao Tejo. Passámos por uma zona rural árida fazendo um percurso agradável até chegar à albufeira de Valdecañas, e que surpresa agradável.

Parámos na outra ponta junto a umas ruínas romanas defronte ao rio. Local muito interessante, nem que seja para tirar umas boas fotos.

Seguimos caminho, ainda pelo interior e reencontrámos o Tejo mais adiante na barragem de Valdecãnas que cria a albufeira.

Queimamos ali uns três quartos de horas, que para mim valeram bem a pena. Há ali uma região para explorar, aquele percurso ao longo do Tejo parece ser bem interessante.



Finalmente regressámos à A5 mais adiante, sem antes atravessar novamente o Tejo.
Daí em diante foi rolar em velocidade de cruzeiro até Badajoz.
Durante o caminho todo sempre que passávamos por TIRes portugueses fazíamos-lhes um cumprimento. A maior parte devolvia, outros nada, provavelmente não estariam atentos às nossas matrículas. É algo que sabe bem, no exterior encontrar patriotas nem que seja na estrada. Talvez seja aquele nosso sentimento patriótico que valorizamos sempre mais quando saímos do país.
Chegados a Badajoz, último abastecimento e aproveitar para comer qualquer coisa.

Almoço no tasco camionista da zona. Lombo de porco, ovo e batata frita, siga Em pouco tempo estávamos de regresso à estrada, e logo depois entrávamos em Portugal.
Sempre por nacionais, que são boas por aqui, fomos até Vendas Novas em ritmo calmo e descontraído. O bom tempo que no acompanhou desde Madrid parecia se manter até ao fim da viagem.
Metemo-nos na A6 e parámos na estação de serviço antes da Marateca para despedidas.
Ao atravessar a fronteira ganhámos uma hora com a diferença horária. Eram 17h00 em Portugal e estávamos a 60kms de casa.
Cansados mas satisfeitos e com a cabeça cheia de boas imagens… Um pouco mais de 3000kms que valeram mesmo a pena. Mesmo que destes 2/3 sejam só para lá chegar e voltar, aqueles 1000kms por aquela magnífica cordilheira foram inesquecíveis.
A estrada, a paisagem e as gentes tornam aquela região única. Nada tem a ver com os Alpes e muito menos com os Picos. O verde aqui é outro, as pessoas aqui são diferentes e as estradas são maravilhosas. Esta viagem encheu-me mesmo as medidas.
Talvez por estar habituado aos “nuestros hermanos”, o que mais gostei foi sem dúvida do lado francês. Parece inacreditável mas de um lado ao outro tudo muda. As pessoas, a paisagem, e até a temperatura. Em França predominam os pinheiros alpinos, a relva viçosa, as aldeias limpinhas e todas arrumadinhas, os ciclistas e os casais de velhotes que vivem por cá, todos muito educados e parecidos uns com os outros. Em Espanha tudo é mais selvagem, a paisagem menos homogénea, as aldeias menos arranjadas e mais saloias, e o povo na rua com mais folia.
Tudo correu na perfeição, sem percalços nem sustos. Mas também com a companhia que tive nem estava à espera de outra coisa. Quando se anda assim na estrada com uma relação de confiança tudo fica mais simples e tudo corre melhor. Acabamos por olhar um pelo outro, e não me estou a lembrar de outra forma de viajar onde se possa desfrutar do mesmo nível de companheirismo. Já são várias aventuras em duas rodas, muitas histórias para contar e uma batelada de quilómetros juntos por essas estradas fora. Mas nunca é demais agradecer a boa companhia do Rui Barradas.
E as Tigers… Bem, mas ainda há dúvidas? É preciso mesmo dizer de novo a maravilha que são?
Fim!
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