Uma sopa dos pobres, se faz favor
Dia 2
Ficámos na esplanada no exterior onde se encontravam duas jovens a terminar o almoço. Vinham carregadas as raparigas, com aquelas mochilas enormes de meter às costas. Estavam descalças e com os pés bem machucados, andavam a descobrir a região a pé…
Sentámo-nos e aguardámos que nos vissem atender. Entretanto tínhamos espreitado o menu afixado… Mas infelizmente (ou felizmente), estavam à aguardar um grupo, de modo que a ementa estava sem efeito… Mesmo assim, não ficaríamos sem almoço, tinham em abundância um prato típico daqui, a “Garbure”. Uma das raparigas caminhantes recomendou-nos o pitéu, de modo só poderíamos aceitar.
Este prato é essencialmente um caldo de pato com vegetais. Aqui praticamente todos os restaurantes o têm na sua ementa.
Ficámos a saber mais tarde que era originalmente um prato de pobre, e que geralmente não há dois iguais, pois para além do pato cozido os ingredientes que se utilizam são basicamente o que houver no momento na despensa.
Passado pouco, veio um panelão para a mesa.
Que me recorde, para além do pato (ou da pata) o caldo tinha em abundância, cenoura, cebola, alho poro, batata, nabo, feijoca e provavelmente outras coisas que já não me lembro ou não detectei…
Estava bom, e apesar deste tipo de comida não ser muito o meu género, quando vou a algum lugar gosto de provar o que por lá se come.
Fomos despejando a panela, sem no entanto lhe ver o fundo. Não porque não estaríamos a apreciar, mas porque efectivamente a quantidade era muita. As nossas amigas já despachadas carregaram a trouxa e seguiram despedindo-se e desejando um bom dia… Só pela simpatia, teríamos lhes dado uma boleia, não fossem elas na direcção oposta.
Despachado o prato principal, eu queria era saber da sobremesa…
Entre várias coisas, a tarte de mirtilo chamou a minha atenção, e pelos vistos também a do Barradas… Ora, duas "s’il vous plaît".
Grande aspecto… E para que conste, melhor estava…
Uma massa areada coberta com doce de mirtilo, acompanhada com pêssego em calda de baunilha, molho inglês e uma flor de chantilly… Caneco, assim dá gosto acabar uma refeição!
Saboreamos aquela boa dose de açúcar e ficamos ali um pouco à conversa.
Volta não volta, passavam um ou dois ciclistas, já se começava a notar o movimento do pessoal do pedal.
Pedimos a conta (modesta, diga-se) e seguimos caminho em direcção ao próximo col (pico).
A estrada ia serpenteando pela encosta com vistas deslumbrantes. Estava a encher-nos a vista.
Passámos pela localidade de Gourette e logo a seguir parámos no miradouro para tirar umas fotos.
Já por aqui se via ciclistas em barda, para cima e para baixo.
O raio da paisagem por aqui é magnífica.
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