Voltinha ao Principado


Dia 5

Depois começa a confusão. Muito carro, muita scooter. Tínhamos um ponto de paragem no GPS, uma espécie de miradouro sobre Sant Julía del Lòria.

De facto aqui a vista é boa.

Continuámos em direcção a La Vella. Com o Sol quase a pique, o tempo estava a aquecer.

Em La Vella uma confusão infernal. Lá encontrámos a saída para Arcalís.

De La Vella a Arcalís a estrada é fantástica. Atravessam-se três ou quatro pequenas aldeias e depois a paisagem fica novamente selvagem e natural. Volta-se à atmosfera dos Pirenéus.

Já próximo do destino começa a subida em caracol. Mas a estrada é larga e conseguimos fazer os laços sem grande stress.

Chegámos ao topo de Arcalís, uma estância de Inverno, fechada por esta altura, claro está.

Batia um vento fresco desagradável. Nem sequer tirei o capacete.

O local deve ser bem animado nos meses de Inverno.

Existe uma estrada que continua até mais adiante, e que nos leva até próximo de uns lagos.

Decidimos não fazê-la, pois ali o alcatrão acaba logo e não tínhamos muito tempo hoje para aventuras. Ainda por cima, estavam horas de almoçar.

No caminho tinha reparado em três ou quatros restaurantes com menus a preços razoáveis. Voltámos para trás e fomos atentos no caminho às propostas.

Acabamos por parar num local com duas opções. Em cada lado da estrada anunciava refeições por menos de 15€. Optámos pela casa que nos pareceu mais jeitosa. E não há dúvida que foi uma boa escolha.

A casa tinha uns quartos por cima, e fazia função de hotel-restaurante. O interior era agradável, e a sala tinha janela em todo o seu redor.
Ficámos numa mesa junto à janela com vista para o exterior.

Veio uma senhora atender-nos dos seus cinquenta e poucos, e percebeu logo que éramos portugueses. Curiosamente, também ela, de Trás-os-montes… E o marido de Benavente, que era o cozinheiro. A comunidade portuguesa por aqui é grande, e este casal já por cá estava emigrado há muito tempo.

Menu de dois pratos, com uma ementa claramente influenciada pela gastronomia lusa.

Mais ou menos ao nosso lado, estava um casal espanhol nos seus entas. Os dois pareciam estar maravilhados com a comida… Bom sinal.

Para primeiro prato foi mais precisamente o que se vê.

Uma delícia, e algo que não nos é estranho. Uma roupa velha (migas de batata e couve) com uns pedacitos de entremeada e chouriço de sangue.

Estava divinal… E logo de seguida veio um belo bife com molho de pimenta.

Igualmente óptimo. Os produtos eram excelentes e o cozinheiro tinha jeito para a coisa, não fosse ele tuga.

Os espanhóis ao nosso lado, quase que lambiam os pratos. Tenho impressão que mandaram vir um pouco de tudo da ementa. O fulano de vez em quando até cantarolava. Estava-lhe a cair mesmo bem.

Para acabar, eu escolhi um pudim (daqueles caseiros, mesmo feitos com ovos) e o Barradas foi para a “crema catalana”, que é o mesmo que dizer leite creme, tudo caseiro.

Ficámos bem cheios com este fantástico almoço, excelente escolha. À medida que a senhora nos servia, íamos falando com ela. No final demos os parabéns ao chefe, e seguimos o nosso destino.

O tempo estava agradável. Sol com céu azul e algumas nuvens. Não muito calor, nem muito frio. Antes de regressar a La Vella, desviámos para Ordino. Mais adiante parámos num miradouro com umas curiosas esculturas.

Um raio de uns canos enfiados no chão, que quase pareciam uns totens. Trata-se de uma escultura de arte contemporânea conhecida por “Estructuras Autogeneradoras” e segundo o seu autor (Jorge Dubón) simbolizam as forças geomagnéticas da Terra.

Sou um tipo muito prático e até deixava aqui a minha opinião sobre o que acho da maioria da arte contemporânea, mas provavelmente não iria vos interessar…

Vou é vos dizer que a vista do miradouro que há uns metros mais adiante é soberba, directamente sobre Canillo.



Deixe-nos a sua mensagem