Nas alturas
Dia 3
É difícil descrever por palavras, pelo que deixo as fotos, que mesmo assim não fazem total justiça à grandiosidade que o local tem.

Entretanto chega o nosso amigo francês do pequeno-almoço. Passou por nós dizendo que teve de abortar a sua caminhada e vir para aqui. Parece que um guarda lhe barrou o caminho por estar demasiada neblina lá em cima.

Com os seus 423 metros de altura, é considerada a cascata mais alta da europa
Na verdade a caminhada não acaba aqui. Para quem queira, existe acesso até à base da grande cascata. São mais cerca de 1000 metros custosos (150 metros positivos de desnível) por trilho estreito.
Estávamos curtos de tempo, ir até ao pé da cascata representaria pelo menos mais 1h de caminhada. Pelo que nos demos por satisfeitos. Aproveitámos para nos sentar 5 minutos na esplanada do hotel. Bebi uma garrafa de água pequena (2€!) que estava bem a precisar.
Andava por ali um cachorro de raça pequena simpático. O bicho devia ser do pessoal do hotel e andava impaciente à espreita de quem chegasse.

Voltamos para trás. O caminho de regresso faz-se muito melhor, é essencialmente a descer ou plano.

O tempo continuava nublado e fechado. A chuva parecia estar a querer engrossar.

Chegámos à aldeia, e antes de regressar ao hotel ainda passámos por uma loja de souvenirs comprar umas coisitas pequenas (aqui tem de ser mesmo pequeno, os preços são abusivos).
Já no hotel, trocamos a roupa pelo equipamento de mota. Quando estávamos a despedir da Sylvie, esta lembrou-se que havia corte de via à saída da vila de Luz-Saint-Sauveur, precisamente na direcção para onde seguiríamos. Depois de consulta na web, ficamos a saber que a estrada estaria aberta das 12h às 13h e das 14h30 às 15h… Eram agora 12h15 e ainda estávamos no hotel, dificilmente conseguiríamos chegar a Luz antes das 13h (tínhamos uns 30 quilómetros para fazer em estrada de montanha)…
Tudo bem. Vamos embora, sem stress, e logo vemos. Se não der, almoçamos por ali perto e aguardamos pelas 14h30.
Quando chegámos a Luz, eram perto das 13h, nem sequer tentámos fazer a passagem.
Tínhamos de abastecer, pelo que fomos à procura de um posto. Nesse momento passou por nós uma caravana de BMs de uma excursão organizada espanhola… Pensámos para nós - estes vão dar com o nariz na porta… Assim foi, 5 minutos depois estavam a fazer o caminho inverso. Decidiram fazer o mesmo que nós, almoçar por aqui, aguardando que a estrada reabrisse.
Depois de abastecer, estacionámos logo as motas por ali e fomos a um restaurante que havia mesmo ao lado.
No interior, tinha uma pequena pista de bowling e estava decorado ao estilo americano.
Havia menu do dia e estava dentro nosso orçamento (<15€). Para começar: salada, presunto e pão. Entretanto ficámos a saber que o prato do dia (perna de cordeiro) tinha acabado, propunham-se substituir por bife do lombo. Certíssimo... Veio para a mesa um delicioso bife com batata frita. Delicioso é uma palavra fraca, magnífico adequa-se melhor. Bife alto, suculento, que se cortava como se fosse manteiga. Não estou a exagerar na comparação. Há muito tempo que não me passava pelos dentes uma carne desta qualidade.
Devo dizer que até aqui, a qualidade e apresentação do que comemos em França fica acima da média. Os tipos aqui gostam de comer bem (em qualidade) e de forma bem apresentada.
Estivemos ali a dar ao dente sem stresses, ainda estávamos a tempo de chegar às 14h30 à saída da cidade… Mas calma, ainda tínhamos a sobremesa para degustar… Um bolo de coco denso, banhado em creme inglês que estava simplesmente fantástico… Íamos sair daqui muito bem tratados.
Pouco mais de uma hora, foi o que demoramos a almoçar, pelo que pelas 14h30 já estávamos enfiados na fila de carros para sair da cidade.
Circulação alternada a andar muito devagarinho. Também não queríamos depachar, a estrada estava mesmo muito mal tratada, toda rebentada e coberta de gravilha.
O inicio do ano foi mau por aqui, subida dos rios como há muito não se via e consequentes inundações. Passar por troços em obras foi uma constante durante todo o percurso pela montanha.
O sacana do tempo é que não melhorava. Continuava aquele capacete nubloso por cima das nossas cabeças. Como o próximo ponto de passagem estava a 2115 metros (Col du Tourmalet) acabámos por entrar nele. Subimos até ao topo por uma estrada de cotovelos entrelaçados no meio de um nevoeiro cerrado. À nossa frente seguia uma caravana de holandeses, às tantas encostaram para nos deixar passar.
Não se via a ponta de um corno, e foi não vendo a ponta de um chavelho que chegámos ao cimo.
Parámos no Tourmalet, mas aquilo não estava para visitas. Chuva, vento e nevoeiro.

Foi mesmo só o tempo de sacar estas duas fotos, para dizer que lá estivemos.

Foi pena, este pico é um dos mais altos da volta à França na sua passagem pelos Pirenéus, a vista deve ser tremenda.
E siga para baixo, que a menos altitude se está melhor.
Entretanto a autocaravana dos holandeses tinha passado de novo à nossa frente.
Na descida ainda fomos uns quilómetros atrás, mas o cheiro a queimado rapidamente nos convenceu a passar à frente desta e ganhar distância.
Tínhamos mais uma cascata para ver de caminho, mas dado o estado do tempo resolvemos passar, não iríamos ver nada mesmo.
Felizmente, hoje eram poucos os quilómetros para fazer. O ritmo foi calmo, até pelo estado da estrada, fazer cotovelos a subir e descer nestas condições requer alguma cautela, e a Tiger do Barradas vinha com pneus em fim de vida a atirar para o liso.
E de seguida mais um Col antes de chegar ao destino.
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