Pizza "fraîche faites maison"
Dia 3
Quando chegámos ao Col d’Aspin (1489 metros) o tempo estava um pouco melhor (pelo menos não chovia), mas o "capacete" continuava aí, comprometendo qualquer foto de vistas.


Daí a pouco chegava a autocaravana dos holandeses…
Desta vez, encetámos conversa. Era um casal nos seus 50/60 que estava em viagem. Andavam ali um pouco à aventura. Vinham de Norte e tinham em mente descer para Sul em direcção à Catalunha e passar pela casa do Dali. Gente com boa pinta. Explicámos o que andávamos por ali a fazer, despedimo-nos e seguimos.

Estávamos a descer para o vale em direcção a Saint-Lary-Soulan, cidade onde iríamos pernoitar.
Aqui o tempo tinha melhorado um pouco. Já se notava o céu a querer desanuviar, aliás como previa a previsão meteorológica. Efectivamente este seria o nosso único dia de mau tempo.
Chegámos a Saint-Lary e tínhamos uma preocupação. Comprar vaselina para o Barradas… Perdão – comprar vaselina para os beiços do Barradas… Com o fresquinho da montanha, o homem estava a ficar com os lábios em frangalhos.
Ainda passamos pelo hotel para descarregar as coisas. O ponto do GPS estava correcto e demos com o hotel à primeira, não demos foi com a porta.
Andámos para a frente e para trás uns 10 minutos antes de dar com a entrada. Não é que fosse complicado, chegámos foi pelo lado menos evidente.
Arranjaram-nos uma garagem (que serve habitualmente para guardar as bicicletas) para meter as Tigers ao abrigo.

Não que fosse preciso, aqui não se passa nada, mas sempre ficam melhor.
Trocámos de roupa e seguimos em direcção a uma farmácia.
Lá chegados pedi vaselina para o Rui, tendo o cuidado de especificar que seria para os lábios dele… O tipo que estava a atender expressou um ar espantado, e perguntou-me se era mesmo vaselina que queria… Aparentemente aqui a vaselina mete-se noutros sítios…
Devo dizer que já testemunhei o efeito da dita na prevenção de lábios secos o ano passado em Marrocos, quando o Barradas e o Benedito já tinham chegado ao estado de ter os lábios rasgados com o calor. Em dois dias, resolveram o problema. Claro está, à custa de muita vaselina.
Saímos de lá com o produto, e o Rui tratou logo de besuntar os beiços. A coisa estava tratada, mas sem se livrar de ficar com um look de quem se mandou com a boca a um pote de mel, de tanto lambuzado que estava.
Fomos então dar uma voltinha ao burgo.

Que local tão jeitoso. Uma típica vila de montanha, mas toda ajeitadinha e organizada. Nota-se logo diferença para o outro lado espanhol.

Novamente, verificámos aqui a nossa teoria… Sabem para onde vão os reformados franceses nesta altura?... Para aqui, para os Pirenéus!… Talvez isto de Inverno anime com juventude, mas nestes meses está repleto de casais nos seus 60/70, todos com o mesmo aspecto. Arranjadinhos, lavadinhos, de óculos, elas cabelo curto grisalho, eles carecas ou de cabelo branco. É impressionante a quantidade de velhotes que se vê por aqui… Ficámos a imaginar que deverão passar as estações mais quentes do ano por aqui, em caminhadas e voltas de bicicletas, e o Inverno noutro sítio com clima menos rigoroso.
Dito isto, percebe-se que a cidade esteja a meio gás. Ainda assim demos um voltinha pelas ruas à espreita do comércio e de algum local para jantar.

Uma rotunda no centro impressiona, pela sua escultura central em forma de pinheiro, pela qual cai água abaixo.

Junto a uma igreja encontrámos um monumento de homenagem aos combatentes das grandes guerras.

O comércio aqui divide-se entre, cafés, restaurantes, mercearias com produtos regionais e lojas de roupa e equipamento desportivo.

Numa mercearia reparei que tinham deixado um pão a jeito no balcão para os pardais comerem… E lá se mandavam eles ao pãozito. Sempre é melhor do que se mandarem à mercadoria toda.


As casitas são espantosas, telhados negros inclinados, feitas em pedras e madeira. Um mimo.


Esta escultura pareceu-me curiosa… Fiquei sem perceber se o urso estaria a dançar com a criança, a abraçá-la, ou a comê-la…


Não nos afastamos muito do centro, e acabamos por identificar uma pizzaria próxima do hotel.
Parecia uma boa escolha. Tínhamos visto dois ou três restaurantes pelo caminho que anunciavam pratos regionais de Garbure e Cassoulet. A primeira já tínhamos provado, e a segunda é manifestamente um prato forte para jantar – é uma espécie de feijoada feita no Sul de França.
Ainda era cedo para jantar, de modo que voltámos ao hotel para meter a escrita em dia (entenda-se net).
Estava um calor do cacete no quarto. Nesta região não se usa o A/C, só aquecimento, e parecia que estava qualquer coisa ligado. Abrimos um pouco a janela.
Copiar fotos, meter umas no facebook e seriam umas 19h30, hora de jantar por aqui.
Saímos para a pizzaria. De fora não se percebe o que é aquilo lá dentro.
Não muito grande, mas tudo muito arranjadinho (como é hábito por aqui). O tecto era rematado a gesso e palha, as paredes todas feitas de pedra. Perguntaram-nos se tínhamos reserva… Epá, olha, não... É preciso?... Arranjaram-nos uma mesita. Vieram as bebidas e um prato de amendoins… O Barradas escolheu a 4 queijos, e eu a de “chorizo”, queijo de cabra e mel.
A pizza estavam óptimas com massa "fraîche faites maison" (fresca caseira) como anunciava o cartaz na rua… Adorei o toque queijo de cabra com mel.

Emborcamos as pizzas com satisfação e ficamos por ali (a carta de gelados não nos convenceu). Estávamos bem.
Não percebi a pergunta da reserva quando chegámos. Está certo que o restaurante não estava às moscas, mas também não encheu… Deve ser protocolo.
Saímos e demos mais uma voltinha por ali para desmoer.


Estavámos praticamente sozinhos na rua, não se passa mesmo nada por aqui... Umas 22h e os velhotes já estão todos em casa.

Na verdade andava também um tipo estranho pela rua a falar alto e a tirar umas fotos. Mas este não conta, não devia ser daqui.

Ficámos sem perceber se era maluco, ou estava a falar para algum auricular...


Regressados ao hotel, ainda espreitamos as notícias e o tempo. Perfeito, confirmava-se a melhoria de tempo para amanhã.
Horas de dormir, amanhã temos uns quantos quilómetros para “calcorrear”.
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